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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Espantalho

Lembro-me claramente
De quando eu, com meus devaneios
Passava pelo ponto
Sem conter os meus anseios

Tudo por causa de um único ser
Talvez nunca me note
Talvez nunca venha a me ver

Mesmo assim eu teimava
Em lhe observar todo dia
Da hora que ela chegava
À hora que ela saía

O máximo que podia
Era esperar
Que sua voz um dia
Viesse escutar

Mas eu me calava
E me escondia
Afundando sozinho
Em meu medo e agonia

Lembro

Lembro-me das tardes de verão,
Junto ao meu amigo invisível
Cantávamos a mais ininteligível canção
Todas às estrofes eram compostas de sentimentos que falavam ao coração.

Desejava ser grande, desejava ser adulto.
Almejava ser admirável, notável
bem aventurado, feliz e casado
Almejava ser regozijado, seu amado!

Hoje já não sonho mais,
Infância passada, traz-me saudade
Adulto hoje sou, sem esperança
Trágica realidade!

Deixo meus versos impregnado de saudade
Aqui registro minha infelicidade
Não realizei meu desejo, sou mal crente
Da senhora Felicidade

A ti dedico minha versificação
Exponho meu infortúnio,
Declaro que sou mal aventurado
Não teve teu amor, minha inalcançável paixão

Silenciosa noite outono
Junto às folhas ao chão, meu coração já descansa
desse pesadelo de desilusão
Viajo agora com o esquecimento, beijando-me a tal solidão.



Samara Suíze